Há 3 anos, ou mais, que comecei a enfrentar uma luta silenciosa. O peso da depressão, ansiedade e burnout começou a ser insuportável . Sim, digo que talvez possa ser há mais anos porque sinto que foi algo que se foi arrastando pelo tempo e que silenciosamente foi aumentando dentro de mim, até rebentar assim como as ondas na areia. Rebentou com toda força, espalhando-se rapidamente e inundando a minha vida sem que eu conseguisse fazer alguma coisa.
No início, fui medicada com brintelix, começando com 5 mg até atingir os 20 mg, juntamente com trazodona e mexazolam. Os primeiros meses foram duros, mas, aos poucos comecei a sentir algum alívio. Após 6 meses de baixa, voltei à rotina com a esperança de que, ao completar um ano de tratamento, pudesse deixá-lo para trás e seguir com o meu maior sonho: ser mãe. Assim que esse momento chegou, nem sei se foi exatamente um ano, em conjunto com o acompanhamento do psiquiatra decidi reduzir a medicação, mas o medo que pudesse afetar o bebé fez-me querer deixa-la por completo.
O tempo foi passando e, mês após mês, a esperança de um positivo mantinha-se. Mas com ela, vieram também a frustração e a dor. As lágrimas voltaram. Os dias tornaram-se pesados, e a minha mente girava em torno de um único pensamento: engravidar. E se nunca conseguir? e se for infértil ? e se tiver endometriose? (tenho todos os sintomas da endometriose, só não tenho o diagnóstico). No meio de um processo de recuperação que já era difícil, somou-se mais um peso – mais um motivo de incerteza e ansiedade. Tudo isto, misturado com os dias desgastantes de trabalho, fez-me sentir que, por mais que eu queira, as coisas simplesmente não acontecem. O tempo voa e a angústia só cresce.
Eu sabia que estava a cair num ciclo que me era familiar – um cansaço profundo, desanimo, uma tristeza que já não conseguia controlar. O medo de não conseguir ser mãe era imenso, mas havia algo ainda maior: o medo de me perder novamente para a minha própria mente.
Foi então que, após uma reflexão profunda sobre o que estava a sentir e a viver, tomei a decisão de fazer uma pausa na minha jornada para engravidar. Percebi que, neste momento, o que eu realmente preciso é cuidar de mim. O psiquiatra recomendou iniciar a sertralina, trazodona e alprazolam, e tudo recomeçou. Mas desta vez, sem pressa, sem prazos. A prioridade agora sou eu. Preciso de tempo para me sentir bem novamente, sem o peso da frustração de não conseguir engravidar, sem que isso seja o centro de todos os meus dias.
Agora, cinco semanas após começar a sertralina, não posso dizer que tudo esteja bem, mas sei que estou a dar o passo certo para cuidar de mim. Quero voltar a ser a pessoa que era antes, aquela que não se perde no cansaço constante, na tristeza que parece interminável. Sei que estou a tentar, espero estar no caminho certo para me reencontrar e recuperar o equilíbrio.

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