Sobre mim

Instantes de Mim

Sou alguém, que sempre achou que a vida é feita de instantes, alguns bons, outros menos bons e confusos mas todos eles deixam marcas na nossa vida.

Este espaço nasce sem grandes planos, nasce na necessidade de tentar cuidar de mim, de tentar processar tudo o que sinto/vivo, sem filtros, sem expectativas. Ao longo desta jornada quer o psiquiatra quer a psicóloga sempre me disseram para escrever um diário de bordo simples, praticar mindfulness, organizar os pensamentos. Mas sinceramente, nunca tive paciência, não sou boa a transpor tudo o que vai nesta cabecinha nem verbalmente quanto mais por escrita… até perceber que podia pelos menos tentar. No fundo só queria um sítio para deixar pensamentos soltos, refletir sobre o que sinto, apenas com a vontade de me entender e, quem sabe, encontrar quem se identifique.

Por isso, este Blog é um bocadinho disso- um espaço onde tento organizar o caos que vai dentro de mim, sem grande escrita, sem grandes filtros, sem ter de ser forte o tempo todo. Não sou escritora, nem tenho grande vontade de o ser, por isso não esperes encontrar textos claros, com um raciocínio lógico ou mesmo com algum fio guia. Só um espaço em que cada instante da minha vida faça sentido – nem que seja só para mim. Se de alguma forma as minhas palavras forem ter contigo, espero que encontres aqui um pouco de companhia nas tuas próprias marés.

Pensamentos Soltos

A ansiedade sempre andou comigo, aliada ao meu perfecionismo e medo de falhar mas perdi o controlo. Nos últimos tempos, anos, meses tenho tentado aprender a lidar com a ansiedade, síndrome depressivo e também passei por uma fase de Burnout. Nestes últimos 3 anos já passei por várias fases desde baixa por um esgotamento terrível, físico e emocional iniciei antidepressivos, ansiolíticos e indutores do sono. Ao fim de alguns meses consegui alguma estabilidade emocional, achava eu, e ponderei junto com o psiquiatra o desmame da medicação. Fiz desmame e adivinhem ?? Passado meio ano uma recaída que eu não queria admitir e fui adiando, até que a ansiedade e a tristeza voltaram com força. A verdade é que não queria voltar à medicação, parecia um retrocesso. Voltei à medicação, sertralina, junto com a terapia e, finalmente, decidi dar uma oportunidade à escrita.

Então e os filhos? já não está na hora?

Um sonho, algo que sempre quis e que achei sempre que seria fácil. Um processo muito desgastante. Há quase 1 ano, sim eu sei que para casais ditos saudáveis pode demorar 1 ano ou mais, mas para mim isso não funciona assim . Acham mesmo que a minha ansiedade ia aguentar 1 ano calmo, 12 meses de tentativas frustradas? AHH!! “mas o stress e ansiedade também não ajudam nada, tens de descontrair”. Fácil falar? e viver? Sempre sonhei ser mãe nova, ter uma família grande. No ano do meu casamento, o ano que deveria ser o mais feliz foi também o ano em que entrei em espiral e os planos de casar e engravidar logo de seguida foram por água abaixo. Casei, sim. Mas a gravidez foi adiada, a medicação não era compatível e emocionalmente não estava a 100%. Mas assim que fiz o desmame da medicação, comecei todo este processo com calma e paciência, mas passou 1 mês e outro e mais outro, e nada. Analises- baixa de progesterona- Dufine- Efeitos secundários Horríveis. Entre ciclos controlados, testes de ovulação, medicação e esperança renovada a cada mês, veio também o peso da frustração e a dúvida: e se nunca acontecer? Decidimos fazer uma pausa. Não porque desisti de ser mãe, mas porque tudo isto me levou a uma recaída, neste momento preciso de respirar. O processo deixou de ser apenas sobre engravidar e passou a ser sobre mim, encontrar o equilíbrio e reencontrar-me.

Saber A(MAR)

A minha infância foi sempre perto dele, da leveza, do calor, da água gelada do norte, mas sempre com o Mar por perto. Resido em uma cidade mas sinto-me nascida noutra, sempre passei muito tempo, meses na praia, no monte, cascatas, natureza, no mar, bodyboard, mergulho, tentei kite-surf e surf, mas a paixão ficou por ali, por o bodyboard. O Mar, aquela cidade, o meu refúgio. Foi lá que vivi muitos meses do ano desde pequena mas que na fase adulta passei os meus primeiros 4 anos a viver sozinha. Foram os melhores anos, calma, com caminhadas diárias junto ao mar, com a leveza de vida que queria para sempre. Sempre que preciso de respirar fundo, volto ao mar. Ele representa a leveza, renovação e a certeza de que um dia tudo passa. Sei que um dia voltará a ser a minha casa.